«É um misto de crítica social com humor negro, é a materialização da inquietação que sinto com o que está a acontecer no mundo.»

Artur Bordalo , Artista Plástico

SOBRE O TROFÉU:

A inovação pode estar presente em todas as áreas das nossas vidas, nascendo de ideias e perspetivas que tantas vezes passam por despercebidas e que geram novas ideias que dão forma a novas abordagens e caminhos. A inovação não tem de ser obrigatoriamente fazer novo. A inovação pode ser fazer diferente.

E esse foi o ponto de partida para o desafio lançado ao artista plástico e embaixador da economia circular Bordalo II para conceção do troféu da 3ª Edição do Prémio IN3+.

Bordallo II desenvolveu 3 troféus distintos para os 1º, 2º 3 º lugares, sempre aplicando a mesma técnica e focando a forte necessidade de cada vez mais assumir o que para muitos pode ser desperdício é na verdade uma oportunidade de valorização por via da reinterpretação e reinvenção.

“Quando me foi proposta a criação dos troféus para estes prémios, além da forma do objeto em si, o tema do mesmo foi o que deu mote e originou o conjunto de animais que decidi representar nos objetos para os premiados.

Estes animais têm uma semelhança nas suas características – movimentam-se muito lentamente, no entanto, estão no nosso planeta há milénios, tendo desenvolvido capacidades e características verdadeiramente inovadoras para conseguirem sobreviver às catástrofes naturais e humanas.

Estes animais têm todo o mérito em ainda prevalecerem no nosso planeta. Devemos tomá-los como exemplo. Devagar se vai ao longe e é com o tempo, a experiência e o trabalho que se atinge a inovação e o mérito. Quis também realçar, com esta escolha de espécies, que a sociedade por vezes escolhe os “bons” dos “maus” através de critérios de rapidez e celeridade, que nem sempre são os corretos.”

SOBRE O ARTISTA:

Artur Bordalo nasceu em 1987, em Lisboa, e teve no avô referência para se transformar em artista plástico. Estudou pintura nas Belas-Artes, em Lisboa, mas foi nas aulas de mosaico, cerâmica, vidro que descobriu e começou a testar novas técnicas, combinando e misturando materiais e abordagens de todas essas artes. Hoje, é precisamente na mistura que encontrou o caminho. Bordalo II é simultaneamente pintor e escultor, graffitter.

A parte maior do trabalho de Bordalo II acontece em festivais de arte urbana, instalações edificadas por encomenda. O primeiro de todos, foi nos Açores, o Walk and Talk, mas a partir de 2015 começou a ser convocado para os maiores eventos do mundo – como o NuArt da Noruega ou o Life is Beautiful em Las Vegas, contando com mais de 90 peças de grandes dimensões expostas nas ruas do mundo.
Confrontando cada um de nós com o nosso consumismo, recorre ao lixo que encontra nas ruas para dar uma nova vida e construir esculturas que nos mostram que “o lixo de uns é o tesouro de outros”, neste caso, é arte.

Na verdade, o lixo foi algo que apareceu aleatoriamente, mas depressa se tornou no foco da sua expressão artística. O uso artístico do lixo é uma espécie de crítica ao mundo em que vivemos, um mundo em que coisas outrora valiosas e importantes perdem rapidamente o valor ou a utilidade.

Bordalo II usa principalmente plástico, metal, madeira, cerâmicas e outros materiais em fim de vida para criar peças tridimensionais, coloridas e completamente diferentes do original, com uma forte conotação ecológica, ambientalista e social, implícita e explícita. Em cada peça é sentida a necessidade de sustentabilidade sócio ecológica que não nos deixa indiferentes.